Entre o ler e o viver...

Por um tempo, ser crítico significava ver o que estava errado a partir de uma visão ( ocidental, moderna, cristã, Marxista...) que é considerada certa, como verdade já definida. Significa apropriar - se de uma teoria "crítica" sem, necessariamente, uma atitude prática, uma mudança interior. Entre nós, geralmente, esta "teoria crítica" é sinônimo de teoria Marxista.
No entanto, ser crítico no contexto atual, numa sociedade de massas, onde os indivíduos correm o risco de viver a vida toda sem ter sido "ninguém", se torna bem mais exigente. Mais ainda, ser crítico numa sociedade de consumo, onde " a televisão representa a esperança de visibilidade para onde os sujeitos dirigem suas escolhas de vida ", torna - se um desafio que parece quase intransponível.
Portanto, a situação atual exige que perguntemos o que significa " ser crítico ".
É urgente que sejamos o mais rigoroso possível, o mais exigente possível em qualquer estudo, não temendo pôr em xeque as próprias certezas previamente admitidas. Siginifica pôr - se em jogo constantemente.
A crítica, portanto, se põe entre o saber e o agir, entre a teoria e a prática, como uma forma de viver, intensa, tensa, consigo e com os outros. Tensão aqui, é renunciar à posse da verdade, sem nunca renunciar ao desejo de possuí - la. Mais ainda, é uma questão de atitude, que se justifica por uma vontade decisória de não ser governado, atitude tanto individual quanto coletiva, para sair da minoridade . Significa ter coragem de pensar por própria conta e risco, deixando - se de lado o comodismo de ser " menor '', depender sempre de alguém, de algum autor, ídolo...